Artigo de Luís Freitas Lobo
TRANSIÇÕES: O segredo das grandes equipas
A CHAVE MORA NA EFICÁCIA E VELOCIDADE DAS TRANSIÇÕES DEFESA-ATAQUE-DEFESA.
Na hora em que se coroam os campeões de inverno, já se pressentem as equipas que irão marcar a época ao mais alto nível: Chelsea, Juventus e Barcelona. Num patamar seguinte, o Milan e o Bayern Munique. Cada qual no seu estilo, dominam o triângulo da vida do futebol: táctica, técnica e velocidade. Tudo emoldurado no equilibrio e no controle do ritmo de jogo.
Depois de um ano marcado pelo triunfo do futebol, digamos, tacticamente realista, estilo "teia-de-aranha", protagonizado pelo FC Porto de Mourinho e pela Grécia de Reeaghel, a nova época começou por trazer um novo aroma, mais sedutor, aos palcos europeus. O autor é o Barcelona de Rijkaard, o último projecto futebolístico que faz a táctica depender do talento e nunca vice versa.
É ainda possível ganhar assim no rochoso futebol do presente? Há quem acredite que sim e o futuro do futebol bem necessitava dessa prova de beleza ganhadora. A realidade dos relvados é, porém, mais complicada.
Partindo do dogma táctico do presente que define as verdadeiras equipas como um bloco que nunca se deve partir, a chave para o sucesso reside na velocidade das transições defesa-ataque.
A equipa de Rijkaard é atraente mas aquilo que faz em 7/8 passes, muito controle e toque, o Chelsea faz em 3 ou 4. Pode ser menos atractivo, mas é terrivelmente eficaz e aumenta a capacidade de apanhar o adversário em contra-pé. Cada passe é de máximo rendimento. O ritmo é diferente, pelo que o Chelsea domina o jogo com e sem bola, enquanto o Barcelona só o consegue quando tem a sua posse, visto não ter a mesma eficácia no movimento inverso da transição, a de ataque-defesa, na hora da recuperação. É o famoso "pressing alto" a funcionar. Sigam os movimentos de Lampard, Tiago ou Smertin e entendem o verdadeiro sentido desta definição que domina o futebol moderno.
No mesmo estilo, salvo as devidas proporções, só a Juventus de Capelo, também esquematizada em 4x4x2 e com médios de perfil bífido no triângulo das transposições defesa-ataque-defesa, missão gerida pela batuta de Emerson, apoiado pelo duro Blasi na intercepção das linhas de passe, enquanto Zambrota e Camoranesi fecham ou abrem nos flancos, consoante a posse ou não da bola.
Desta forma, com as transições feitas em 3/4 toques, nunca existe grande distância entre o meio campo e o ataque, mesmo que, á partida, se tenha a intenção de alongar o campo para melhor especular com ele tacticamente.
Muito provavelmente, o futuro campeão europeu sairá deste trio. Noutra dimensão, merecendo um debate á parte, o Manchester United e Real Madrid. Num dia inspirado e com a bola controlada, podem passar por cima de qualquer adversário. Num dia "normal", sofrem muito na tal dinâmica das transições.
Esquema utilizado pelo Chelsea, em casa, frente ao Aston Villa, numa das últimas jornadas. Nesta variante pode-se detectar um dos modelos preferidos por José Mourinho, cuja dinâmica, partindo sempre da clássica defesa a «4», assenta num triangulo a meio campo, onde se salienta apenas um típico médio de contenção central, Makelele, plantado á frente da meia lua, ora ajudando os centrais ora recuperando, fazendo a zona e dando o primeiro passe na saída para o contra ataque, segunda étapa do triangulo,em cujas extremidades surgem, como médios interiores com vocação para abrir ou fechar nos flancos, dois jogadores todo-terreno: Tiago e Lampard.
Cada qual no seu lado, cortam e saem a jogar transportando a bola, ora pelo corredor central, ora descaíndo para a faixa, libertando o extremo e recebendo o apoio dos laterais. Quando surgem perto da área, podem procurar espaço de remate, abrir na faixa, ou executar um mortal passe vertical. Foi assim que surgiu o golo da vitória, num movimento tipico do actual Chelsea, no qual um diabólico extremo esquerdino se encontra a jogar á direita: Duff.
Assim, quando Tiago ou Lampard iniciam o transporte de bola e invadem com ela dominada o meio campo adversário, Duff abre na direita e arrasta consigo um marcador, abrindo espaço no corredor central, para Lampard poder entrar e, já perto da área, fazer um passe ligeiramente lateralizado, mas sempre em progressão, para Duff que, sempre em velocidade, num movimento diagonal de penetração, recebe com a direita, puxando, ao mesmo tempo, a bola para a esquerda, ao jeito do seu pé canhoto (o lado do pé direito do lateral esquerdo, colocando-o na posição mais dificil para tentar o corte). É a fracção de segundo em que flecte e remata: Golo. Tudo em velocidade, numa transição de 3/4 toques no máximo.
Artigo retirado de http://www.planetadofutebol.com/article.php?id=822
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário